
O que é a traição?
Infidelidade, deslealdade, falsidade.
Trair é apenas dar umas quecas por fora?
E engatar, inflamando desejos, mesmo que seja só garganta?
E fazer apenas sexo virtual, na net ou com webcam?
E ter fantasias eróticas com outro, só em imaginação?
E estar apaixonada por outro, ainda que platonicamente?
E fazer marmelada sem chegar a vias de facto?
E mesmo só uns beijos molhados?
E fingir que se ama quando não se sente nada?
Então se não houver sexo não há traição?
A tendência é desvalorizar os sentimentos desde que não haja infidelidade física, é banalizar os jogos de sedução que se tornam um vício onde alimentamos o ego e brincamos com o fogo. Mas a traição está lá, na nossa cabeça.
A traição física é mais relevante que a mental, para todos os efeitos. Já nem queremos saber onde ele anda com a cabeça desde que mantenha a braguilha fechada, e a tão pouco nos resignamos.
Ora eles fartam-se de dizer que uma aventura não tem significado, mas precisamente essa partida é que nós não perdoamos. Boa desculpa, não significou nada mas sempre vão dando umas trancadas aqui e ali, como quem bebe uma cerveja, que engraçados!
Ou divertem-se à brava a cantar de galo e a engatar todas sem pensarem que essa atitude nos magoa e nos humilha!
Mas vejamos, afinal o envolvimento mental com alguém não pode ser muito mais íntimo e profundo do que uma queca casual? Não será muito mais perigoso o impulso irresistível que os liga intensamente a alguém, mesmo sem ter trincado a maçã?
A queca é traição, sem dúvida nenhuma, mas faz-se de ânimo leve. Não haverá maior entrega e rendição numa paixão assolapada, ainda que casta? Qual é afinal a pior traição? Aquela em que o corpo cai e é só mais uma, ou aquela que lhes dá a volta à cabeça?
Trai-se de corpo e alma. O corpo esquece depressa, o coração nunca esquece.