Um tema delicado, mas causa-me confusão que num mundo de relações tão liberais, tão fáceis, tão permissivas, os homens ainda recorram tanto a esse subterfúgio. Ninguém confessa que lá vai, mas sabemos que clientela não lhes falta!
Não será certamente por as mulheres quererem usar cinto de castidade até ao casamento! Nos tempos em que a virgindade era um valor sagrado e o dever conjugal um sacrifício destinado a ter filhos e calar o marido, compreendia-se melhor essa procura.
Mas agora os relacionamentos são tão abertos, tão ligeiros, tão naturais! Qualquer tipo que seja capaz de engatar uma miúda, convence-a em pouco tempo a gozar os prazeres da carne sem que ela se faça rogada, sem compromissos, sem escrúpulos ou preconceitos morais de ambas as partes.
Então, perante tanta e tão diversificada oferta, porque é que as prostitutas continuam a ter um lugar tão privilegiado no altar do prazer?
Claro que a resposta dos homens é óbvia: porque elas é que dominam a nobre arte do kama sutra e sabem satisfazer um homem, ao contrário dessas pitas chocas ansiosas por abrir as pernas a um autêntico vibrador humano que lhes dê orgasmos infinitos!
Pronto, acredito que haja mulheres e homens mal preparados, cada um apenas interessado no seu próprio prazer.
Mas então haverá tantos gajos assim com tanto azar que nunca encontram uma boa companhia e por isso se vêem obrigados a recorrer aos afamados préstimos das profissionais do sexo?! E essas, por muito competentes que sejam, não se limitam também a um mero acto mecânico?
Ou o que está em causa é o receio masculino de intimidade? Dificuldade em estabelecer relações? Tendência a fugir de compromissos? Receio de se exporem e de serem alvo de críticas de igual para igual?
Ao menos as prostitutas não reclamam, não criticam, não questionam, não esperam nada salvo o pagamento, estão sempre prontas, nunca têm dores de cabeça, nem stress, nem crises existenciais, nem expectativas de orgasmos e de performances fantásticas, e nem sequer exigem prazer, afecto, intimidade nem telefonema no dia seguinte!
Um homem avia o seu servicinho como sabe, sai de lá recauchutado e a sentir-se um macho com eles no sítio, e quer lá saber dessas cenas todas dos sentimentos, dos preliminares, do orgasmo feminino, e essas merdas que deixam um gajo f*dido!
É muito mais fácil assim, não é?
De
shibumi a 20 de Junho de 2008 às 23:16
Boa noite,
permita-me a intromissão pois o tema e debate chamam por mais participação.
Indo por partes, dissecando a prosa do texto, estão lá mescladas, perguntas, introspecções, respostas e questões. Alguém em monólogo activo...não sei se á espera de contraponto.
Mas, aqui vai.
Do ponto de vista sexual, vamos adoptar a nossa animalidade sapiens e assumir que ambos os sexos a possuem. Numa visão Darwinista, quem mais explora, mais aperfeiçoa, mais quer, em género e em número. O orgasmo não só é higiénico, como retemperador - como o paradigma de se sangrar o cavalo para ter mais força, mais juventude -. Neste prima a procura, independentemente de quem procura quem, onde, e como é purista, cessa á entrada do cortex.
Mas, assumindo heranças sociais, genéticas e comportamentais, vivendo num circo de vaidade, do deve e do haver, as emoções estão lá, logo no primeiro degrau do cortex, em forma de grilheta, assumem o orgasmo e todo o complexo mecanismo de sofreguidão como um patamar que justifica um degrau acima da evolução - a humanidade.
É neste conflito permanente que nos movemos, o gozo puro de um orgasmo sem pudores, medos, intransigências, cobranças e remorsos ou uma nuance karmica e quase surrealista de sobrecarregar este estouro físico, por um mental. É sem dúvida muito maior, muito mais duradouro e acima de tudo muito mais viciante – como sabem o nosso cérebro +e capaz de produzir as drogas mais alucinogénicas que existem...e fazer amor traduz esta pedrada, na directa diferença de fazer sexo. Entre um charro e uma de heroína, vai uma distância...
Por isso há quem faça a gestão o puro e duro e vá curtindo, sabendo que na manhã seguinte nem ressaca tem e há quem experimente o outro lado, convencendo-se que quando quiser sair, sai mas...como todos sabemos, não há saída, apenas a pedrada seguinte.
Enfim, é uma questão de gestão de risco.
Uma vez nas drogas duras, o tempo de vida pode ser relativamente longo se, se mantiver a mesma...mas, com o tempo o cérebro assume a toxina e exige mais...aqui nasce o swing, a parceria, as fantasias e cada um, gere o vício como pode, não como quer.
Sinais dos tempos
Shibumi
De
Pandora a 21 de Junho de 2008 às 00:53
Exactamente, o objectivo do post é colocar questões para obter respostas. À espera de contraponto, de argumentação, de explicações, de qualquer tipo de debate construtivo.
Um post sai em modelo de monólogo activo até ser complementado pelos comentários que iniciam a fase de diálogo e de discussão. Por isso, fez bem em intervir e é para isso que cá estamos.
Segundo compreendi, é mais seguro e menos viciante alternar entre sexo e amor, gerindo ambos sem deixar que a pedrada em cheio nos atinja, pois essa ressaca não tem cura. Um é mais completo, outro é mais seco e duro, mas o facto de ser preferível equilibrar ambos significa que nenhum, por si só , é o ideal, devido aos riscos de dor ou frustração que ambos acarretam.
Daí ter que haver espaço para a alternativa. Certo?
É uma teoria muito interessante, colocada de uma forma original.
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