Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 2009

Policonfusão, monocultura

 Sem que a expressão seja proferida uma única vez, o Poliamor é um dos temas centrais do novo filme de Woody Allen. Em Vicky Cristina Barcelona, há um trio amoroso que durante algum tempo vive em conjunto, partilhando a cama, as tarefas e as emoções. As personagens de Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penélope Cruz formam um triângulo poliamoroso - uma das configuração possível dentro do poliamor, em que cada um dos três se relaciona com os outros dois; há também relações em V ou em N, por exemplo.

 

É interessante observar as reações do público dentro do cinema. Para muitos a ideia de três pessoas a viverem maritalmente, felizes e apaixonadas, é algo que só acontece nos filmes. E mesmo para algumas pessoas que já ouviram falar de poliamor, o conceito parece impraticável, irreal, forçado e fantasioso. Há um conceito dentro do poliamor que é bastante relevador das clivagens de mentalidade: compersion. "(...)the experience of taking pleasure that one's partner is with another person. The feeling may or may not be sexual. Quite often it's not. It should not be confused with cuckolding practices or voyeurism. It was originally coined by the Kerista Commune in San Francisco[1] (or possibly by the ZEGG community in Germany)[2] which practiced polyfidelity, and has since been adopted throughout the culture of polyamory."

 

Como é possível, perguntar-se-ão muitos, ter prazer em saber que @ noss@ parceir@ tenha outra pessoa? Como é isso de ficarmos felizes por saber que @ noss@ amad@ é feliz com outra pessoa? No filme de Woody Allen, parece-me, é bastante plausível a felicidade que o trio vive, durante algum temtpo. E, felizmente, não há nenhuma intenção de fazer propaganda a este estilo de vida, por isso, a vida do triângulo não é apresentada de forma idílica e perfeita, sem problemas. A questão, o que nos deixa incrédulos e cépticos é, claramante, o ciúme - como é que aquela gente não é consumida pelo ciúme? E se não sentem ciúme, isso quer dizer que não gostam verdadeiramente uns dos outros?

 

Somos ensinados desde crianças que ter ciúme é saudável, que o ciúme "apimenta" uma relação, que alguém que não sente ciúme é porque não gosta verdadeiramente da pessoa, que alguém sem ciúmes é alguém sem interesse no outro. Esta aprendizagem, que coincide com a aprendizagem de uma imensa herança de todo o tipo de preconceitos (que estabelecem o sexismo, a heterodoxia intolerante, o machismo, etc), coíbe-nos de pensarmos em formas de estar diferentes da norma.

 

O que pensam os nossos leitores? A única forma de ter uma vida amorosa feliz, saudável e decente é a monogamia? A mim, parece-me que somos imensamente formatados e condicionados por uma tradição que não gosta de desvios aos padrões que têm sido perpetuados. E que essa formatação faz com que aceitemos,  estimulemos e acabemos por gostar do ciúme (de senti-lo e ver n@ parceir@ a forma de nos aplacar a zanga e também de provocá-lo, para nos sentirmos desejados e importantes) O ciúme baseia-se na insegurança, na posse e, acima de tudo, na sua aceitação no seio da relação pel@ parceir@. E é mais fácil perdoar e ultrapassar um episódio em que a nossa cara metade foi para a cama com outra pessoa (mas nos garantiu que foi a única vez e que não teve importância) do que conviver, aceitar, digerir a possibilidade de a pessoa com quem estamos estar apaixonada e desejar sexual e emocionalmente outra pessoa.

 

 

Isto do compersion, do poliamor, da não-monogamia saudável, o que vos parece? 

publicado por TrïbaL♥Lïbïdo às 12:28
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De Pandora a 4 de Fevereiro de 2009 às 16:02
Bem-vindo!
Esta questão da monogamia e do ciúme é muito relativa.
Então não existem tantos casais com relacionamentos assumidamente abertos? Significa forçosamente que já não gostam um do outro?
E quanto ao swing? Ou a tal "ménage a trois"? A poligamia nem sempre implica ciúme, só quando há traição.
Mas sobre o teu último parágrafo já escrevi um post que fez correr muita tinta, e em que toda a gente defendia precisamente o contrário: traição é na cama e não na cabeça.
http://audaciosos.blogs.sapo.pt/2916.html

De TrïbaL♥Lïbïdo a 4 de Fevereiro de 2009 às 17:44
eu não quis dizer que "traição é na cabeça e não na cama".

começo por dizer a minha opinião. traição entendo-a no sentido literal da palavra, acto de trair. se alguém me arma uma cilada, me mente, me engana, se defrauda a confiança que lhe depositei, então traíu-me. pode ser com o corpo, a mente, actos, atitudes, qualquer coisa. traição é traição. e só existe porque foi transgredido algo que os dois tínhamos estabelecidos - se ficar entendido que a relação é aberta (como já me aconteceu), ir para a cama com outra pessoa não é traição. mas a traição pode acontecer na mesma, se se enganar, mentir, faltar ao prometido, etc.

no post o que quis dizer (e isso tenho verificado em conversas) é que é mais fácil aceitar que a pessoa com quem estamos já foi para a cama com alguém (desde que se tenha a certeza que não volta a acontecer e que foi apenas sexo, não envolveu nenhum tipo de enamoramento ou paixão, ou algo do género) do que aceitar que quem amamos ama outra pessoa. custa a aceitar que não somos o único, a única, que há outra pessoa que faz feliz quem nós queremos fazer feliz. o ciúme, parece-me, é uma forma de reagir a essa possibilidade aterradora: a de que há mais quem possa satisfazer, agradar e ficar com quem nós queremos para nós.

eu tenho assente que não sou o mais perfeito, o melhor, o mais bonito, o mais inteligente, o mais seguro, o mais sedutor, o mais charmoso... e por isso, seguramente não sou o único. isso está presente em todas as relações que tive e que terei. a pessoa que está comigo não está comigo por eu ser o gajo mais espectacular do mundo nem por eu ser o único que a pode fazer feliz.

está comigo por uma razão imensamente mais importante: porque me escolheu.

e por isso fico grato e feliz. é a escolha, a decisão, que nos faz ficar uns com os outros. o que o ciúme pretende é que seja a chantagem emocional, a culpa, o condicionamento, o medo, a manter a pessoa por perto.

abraços,
nuno.
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